quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Nota sobre Amores Impossíveis


Ahh, o amor! Todo amor é impossível ?

Amantes: sujeitos desejantes.

Aquele que AMA, ANTES demanda ser amado, e habita o reino da doce e amarga ilusão de que aquele alvo o complementa.

Freud : amor como função de idealização.
Lacan: amor como função de sublimação.

O amor se encaixa no reino do imaginário (do ideal de felicidade pessoal). 

Nasce no pensamento ocidental “uma idealização bifronte do amor”, diz Jurandir Freire Costa: idealizam-se o objeto amado e o sujeito do amor.
Há algo imperdível escrito por esse psicanalista pernambucano:

“Amor é uma crença emocional, e como toda crença pode ser mantida, alterada,

dispensada, trocada, melhorada, piorada ou abolida. O amor foi inventado como o fogo, a

roda, o casamento.. tudo pode ser recriado se acharmos que assim deve ser. Ele nasceu

na era dos sentimentos, do gosto pela introspecção e por histórias sem fim de apostas

ganhas e perdidas. Hoje entramos na “era das sensações”, sem memória, sem história.

Nada nos parece mais bizarro e tedioso do que aventuras sem orgasmos e sofrimento sem

remédio a vista. Aprendemos a gozar com o fútil e passageiro e todo além do principio do

prazer é só um vício de linguagem ou da inércia dos costumes. Em suma, vivemos numa

moral dupla: de um lado, a sedução das sensações; de outro, a saudade dos sentimentos.

Queremos um amor imortal e com data de validade marcada: eis sua incontornável

antinomia e sua moderna vicissitude! "

Moral dupla que implica não escolher e portanto não se responsabilizar! É dúvida dos amantes impossiveis (ou impossiveis amantes).

Bauman ajuda com sua simplicidade : "o amor é o que é, e cabe aos sujeitos estarem conscientes do que assumem quando decidem amar".
 
Os neuróticos escolhem se amam algo da ordem do que é possível ou não (Sim, Paulo, a impossibilidade é tentadora).

Apostar no amor louco, dramático, heróico, doentio beira ao fracasso, contrário a possibilidade de um amor sensato, que não se torne a única razão do sujeito, mas que seja da altura da sua própria liberdade.

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