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Freud vai a Paris (saindo de Viena) para conhecer Charcot, um homem que ganhara fama e reconhecimento profissional mundial pelos métodos não convencionais de tratamento da histeria. Segundo Charcot, determinadas patologias desafiavam todas as regras científicas estabelecidas. Ele rompeu, por exemplo, com o princípio que dizia ser a consciência e o pensamento a mesma coisa. Ele também provou que a mente pode pensar durante o sono, quando induzido pela hipnose. Charcot representava para Freud o extremo oposto do prof. Meynert. Assim, Freud pediu licença do hospital dirigido pelo prof.Meynert (seu algoz) e foi à Paris acompanhar as aulas/demonstrações de Charcot.
Charcot elaborou a ideia de que a histeria rompia com o princípio médico de que todos os sintomas deveriam ser de origem orgânica e, também, com o principio psicológico de que a mente só é capaz de um pensamento de cada vez.
Assim, Charcot demonstrava em suas exposições que a histeria se tratava de uma afecção mental e que ela pode se dividir seguindo duas linhas do pensamento ao mesmo tempo. Para isso ele se vale de dois casos de histeria, uma feminina, e outra masculina. A feminina era Jeanne que tinha uma paralisia flácida em suas pernas, motivo pelo qual estava em uma cadeira de rodas. A partir dos sintomas, Charcot faz algumas perguntas e constata que a paciente não se lembrava se havia acontecido alguma coisa para ela estar naquele estado. Isso o fez colocar o esquecimento como uma das principais características da histeria. Os parentes desta paciente informaram que seus sintomas começaram após um acidente, em uma ferrovia, no qual Jeanne nada sofrera. Charcot levanta a hipótese de que a doença se desenvolvera a partir de um trauma psicológico.
O outro exemplo usado na demonstração de Charcot era um homem, Servais, com uma paralisia agitans (alguém paralisado mas com tremedeiras nos braços). Charcot perguntava a Servais quando começaram as tremedeiras, e ele respondia que havia cerca de um mês. Servais era cortador de madeira, e a cabana que se protegia de uma tempestade fora atingida por um raio. Este acontecimento, do qual Servais não se lembrava, não havia ocorrido há um mês, mas sim há cerca de um ano. Depois do acidente ele entrou no estado de paralisia agitans, típico de vítimas de trauma.
Charcot tirou a hipnose do campo da magia negra para mostrar seu valor dentro daquilo que ele entendia como método de compreensão da histeria. Através da hipnose foi possível produzir um estado mental similar àquele em que os sintomas foram concebidos.
E assim, Charcot fez as famosas demonstrações, hipnotizando primeiro Servais e depois Jeanne, para provar que os dois pacientes não sofriam de doenças orgânicas e que seu quadro sintomático era resultado de ideias presas em suas mentes.
Primeiro com Servais, Charcot sugeriu que ele estava entrando numa estado de calma, completamente tranquilo e que ao bater de palmas ele pararia de tremer. Estava feito: o sintoma histérico era extraído por meio de um comando verbal, demonstrando assim que não se tratava de origem orgânica. Depois, foi a vez Jeanne, que foi sugestionada a dormir profundamente. Feita a hipnose, Charcot sugeriu à mulher que a sensação estaria voltando às suas pernas e que ela poderia inclusive levantar da cadeira de rodas e andar novamente.
Charcot segue com sua demonstração, desta vez criando sintomas pela via da sugestão. Ele induz Servais a contrair o sintoma de Jeanne e vice versa. Após a demonstração, os assistentes acordaram os pacientes que tinham seus sintomas originais retomados. O estado hipnótico era uma simulação que permitia o entendimento dos processos mentais da histeria, mas não permitia a cura.
Freud, que assistia a esta aula/demonstração ficou bastante impressionado com aquilo que havia visto, em especial com a indução histérica feita a partir da troca de sintomas e com a tese de que o quadro sintomático era resultado de ideias presas em suas mentes.
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