terça-feira, 8 de novembro de 2011
Sobre o Discurso de um Rei.
Frente a um desejo, sem voz, eis o motivo para a procura de um terapeuta da fala: quando o sofrimento, intolerável, sinaliza a necessidade de alguém que encoraje mais. E do terapeuta, a aposta: “eu confio em quem quer se curar”, e do paciente, a dúvida: “ eu não sei a hora de falar as coisas”. O tempo corre tão sem (ser) sentido que a hora do instante de perceber é perdido. Pressa pelo futuro, passado prendido, desejos sem causas, causas sem pedido. E durante o processo, a espera silenciosa de quem escuta: “ quando resolver falar (compromisso), eu começo o tratamento” , e o começo de um entendimento impõe alguma percepção de que só assim: “como posso ouvir o que vou dizer? ”. É preciso saber o que quer, pra fazer acontecer. E dizia o pai-rei “é fácil quando se sabe fazer”. E é mesmo. Quando se aprende a bancar o que quer, ganha o trono, faz-se acontecer, torna-se rei das próprias vontades, das possibilidades de estar em paz, sabendo o que está fazendo. Quem é que te tira de lá quando seguro de si, não há outro lugar tão certeiro? E diante de um trauma cravado, marcado na moeda de um xelim, o ensinamento de que “é só passá-lo adiante”, para poder dar o grito final, sem tropeços: “ eu tenho voz”.
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