segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Som de Outubro


De qual palavra uso
Pro silêncio que você me força a bancar,
quando não está,
A ousar, quando chega outubro,
A fingir, quando não te quero,
A sentir, quando louca, espero..
E sobre esse desejo amargo,
Da doce ilusão
De te manter ideal
Pra poder brincar
De sentir falta de você,
meu par perfeito
dos meus sonhos,
Porque aqui, sou impar nessa composição
Sem som,
sem enredo,
sem palavra.

domingo, 21 de agosto de 2011

Do Desejo

Eu queria ser livre, não ter nem passado
Voar e esquecer que existe um outro lado
Queria ter o tempo todo pra mim
Queria conseguir dizer sempre sim
Queria descobrir que não existe nada
Que tudo não passa de uma linda estrada
E que não hovesse um caminho a seguir
Mas que eu pudesse simplesmente ir
Eu queria ver a dor como uma saída
E sorrir a tudo que me lembrasse a vida
Sentir o gosto de cada ferida
Como a felicidade a ser digerida
Olhar do céu como é a terra
Estar na terra sem olhar pro céu
Saborear os frutos que me caem no colo
E não lamentar os que se despedaçam no solo
Eu queria chorar ao te ouvir cantar
Eu queria cantar ao te ouvir chorar
Caminhar, caminhar, caminhar, caminhar
Sonhar, sonhar, sonhar, sonhar
Eu queria ter as mãos bem abertas
Pra deixar escapar as coisas mais certas
Queria abrir também meu coração
E poder abraçá-lo como a um irmão
Eu queria amar sem perceber
E me deixar somente ser
Fechar os olhos e receber
Um beijo seu e me perder
Sem perder, eu me perder
Sempre, sem perder
Sempre me perder
Somente ser
Eu queria não querer

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Nota Sobre as Mulheres

“Ahh, as mulheres...” dizia um grande amigo meu. E com razão. Se tem alguém que tem o dom de conquistar e amar, desconstruir e enlouquecer, são elas. Tão doces, tão amargas, tão espetaculares quanto destruidoras. Trata-se apenas de uma questão de posicionamento. Ou de tempo.
Acontece que as mulheres atuais, tão independentes, tão completas, se bastam tanto que são loucas para ser dependentes de um homem. Santa ironia! Reclamam que eles estão em falta, que eles faltam, mas sequer não sabem agir frente a um, porque não sabem ao menos pedir o que querem pela pressa, em ser, simplesmente mulher de um homem, antes mesmo de ser mulher- antes mesmo de construir uma identidade, um estilo de vida, uma história, uma profissão satisfatória, uma aposta de como se quer viver- para apostar tudo em ser desejante, perfeita, ideal para o outro.
E para um outro que nem se sabe quem é! Porque o pedido vai numa direção única: “me deseje”. Sem conquista, sem história. E aí, é claro, cria amores ensurdecedores, finge amar alguém impossível de ser amado: uma história teatral de amor. E depois de fazer tudo errado, se pergunta: “ Como assim ele não me ama? Mas eu sou tudo o que ele precisa! ”- e depois percebe que o outro não tem nada a dizer sobre quem se é, já que ele só pode devolver-lhe o efeito do seu pedido louco. E a mulher sai fora, dizendo que não lhe cabe aquele homem porque não era nada do que se pensava. Claro que não! Porque os homens deveriam saber sobre nós? Nada mais sensato estar a saber sobre si para não esperar que o homem assim nos fale. Sim, nós o intimidamos. Porque esse lugar de mulherzinha não se presta mesmo. Devemos nos abster das estratégias de amor idealizada para viver numa realidade que tanto dizemos que buscamos. Sem errar no pedido. Sabendo o que se quer, sendo mulher, primeiro. Se se quiser um homem da altura.